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GILSON MAURITY

( Brasil – Rio de Janeiro )

 

Poeta com 79 anos (em 2001, quando da publicação deste livro...). Foi médico atuante durante 40 anos.
Publicou seu primeiro livro POEMAS DE ONTE , ANTEM E PROSA ONÍRICA em 1999, poemas estes escritos entre 1960 e 2000.

 

OFICINA – cadernos de poesia  29.   Rio de Janeiro: OFICINA Editores, 2001.  108 p. 23 cm.    Ex. bibl. Antonio Miranda


O MALFEITOR

Me fizeram desse barro duro
         queimado e castigado
sem qualquer arte ou cuidado.
Quando aparecia me afastavam,
quando eu ia não me chamavam,
esqueceram de impedir que eu sobrevivesse.
Assim fui aprendendo a viver sem lágrimas,
fugindo da dor, do frio, do cansaço, da fome,
com os sentimentos feitos farrapos.
É por isso que
quando digo as coisas duras
que eu vejo e a vida me mostra
as pessoas não entendem nunca (nem os comparsas).
E quando faço as coisa que faço
me castigam, me perseguem.
Eu me garanto o quanto posso,
gozo, brigo, bato, firo,
às vezes me prendem,
um dia me matam.


ANTES DA CENA

Dou uma longa caminhada pela praça,
naquela úmida manhã,
de um lado a outro,
de cima a baixo,
até onde poso ver.
Reconheço que o dia começa
pelo contorno das saliências,
pela aparência dos cantos, das esquinas,
das sarjetas, até mesmo da própria praça
com filas de automóveis estacionados
como se dormissem.
Há qualquer coisa de amarrotado, de desarrumado
na paisagem,
com as folhas secas das árvores no chão,
as latas de lixo transbordando, galhos caídos,
tudo como se fosse uma cama de manhã
após o sono inquieto de alguém ou de um casal.
Súbito, consigo prever que,
dali a pouco,
virá alguém e botará tudo em ordem e limpo.
Talvez uma equipe.
Depois, chegarão as crianças com suas babás,
Os veículos começarão a circular,
outros movimentos se exibirão como dança irregular
de pessoas ou de coisas.
Enfim, tudo irá se preparando para qualquer
eventualidade,
risos, acidentes, um desastre ou nada.
Por enquanto a praça está quieta
nesta manhã
como um palco vazio antes da cena.


O
HOMEM E SEUS FILHOS

O homem sai e leva os filhos ao colégio.
A mulher tinha morrido, sem prevenir, não faz muito
tempo.
As saudade têm explodido mas vão se dissipando,
um pouquinho a cada dia.
O homem cuida que nenhum mal suceda às crianças.
A mãe ocupa todas as lembranças do marido.
O homem enterra-se na necessidades dos meninos
e em seu ofício, como quem se refugia
mas, às vezes, chora baixinho, à sós.
A mulher nada sente e de nada sabe
que os mortos perdem essas aptidões.
As crianças estudam seu estudos
e sentem falta de vivos e de mortos,
ou não.
O homem continua sua vida
pensando que vai acabar, a curto prazo.
A mulher já acabou.
As crianças não se preocupam com sua eternidade.
O homem ignora sua fisiologia.
A mulher ignora tudo.
As criança ignoram o que lhes ensinaram.
Mais tarde,
o homem vai acabar acabando
quando pensava que não acabaria mais.
A mulher tornou-se um esqueleto inumado
por isso fora do alcance das vistas.
E as crianças... Ora, as crianças crescerão
com suas memórias por dentro.
    

 

*

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Página publicada em novembro de 2022

 

 

 
 
 
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